3 de abril de 2016

A vida devia ser um concerto de Linda Martini.

Falar dos Linda Martini é, para mim, falar-vos de uma história de amor. Uma daquelas que ninguém sabe bem como começou, mas quando se vai a ver está-se rendido por completo - já não há nada a fazer. Esta banda é tão importante para mim, já não há mesmo nada a fazer.





Ontem foi o concerto de apresentação do Sirumba, o quarto álbum dos Linda Martini e o Coliseu dos Recreios foi pela primeira vez inteiramente do André, da Cláudia, do Hélio e do Pedro. E já vem tarde, meus amigos, vem muito tarde. Os Linda Martini há muito tempo que mereciam uma noite no Coliseu e há muito tempo que nós merecíamos poder vê-los naquele que é um dos palcos mais importantes do país.


A primeira vez que ouvi este último álbum, senti-o com algumas reservas. Faltava alguma explosão, faltava alguma coisa. O primeiro single é incrível, o Unicórnio de Sta. Engrácia é uma canção fantástica, com tudo o que é certo nos Linda Martini e tudo aquilo que me faz adorá-los - acho que me liguei logo com o Unicórnio e por isso estava à espera de outra coisa do resto álbum. MAS, PESSOAL. Esqueçam qualquer tipo de reserva que eu possa ter tido com apenas uma rodagem do álbum. Ao vivo tudo muda, ao vivo os Linda Martini mudam, as pessoas no público mudam, tudo muda. E a Sirumba estava aberta ali, para toda a gente, e foi explosivo - oh, se foi. É difícil explicar-vos o que se viveu ontem naquela sala.


Os Linda Martini mostraram ontem (e mostram desde sempre) que é possível chegar-se longe sem truques, sem fintas, sem um marketing exacerbado e, essencialmente, sem nunca fingirem que são algo que não são. Apenas a serem eles próprios, a fazerem música que é tão deles, a darem tudo o que o rock e a poesia têm para oferecer. Serem uma banda incrível, com algumas das músicas mais lindas que já ouvi, e darem concertos de rock de loucura é mais do que suficiente para alcançarem o lugar no pódio que verdadeiramente merecem. E eu a assistir com uma lágrima no canto do olho. Comecei a seguir os Linda Martini pela altura do Marsupial, devia ter uns 14/15 anos e é como vos digo, é uma história de amor.

Ontem ouvi a Sirumba na íntegra e ao vivo, explodiu na minha cabeça e deixou-me absolutamente rendida. Foi muito melhor do que eu alguma vez podia ter imaginado, mas claro que tivemos direito aquelas canções que já vêm de anos anteriores, mas que nos deixam sempre o sangue a ferver. Não há nada que ainda não tenha sido dito sobre o Amor Combate, sobre a Juventude Sónica ou sobre a Cem Metros Cereia (que me deixa sempre num estado… nem sei). A Belarmino faz-me sempre sentir coisas diferentes e a Ratos leva qualquer um a ficar com a voz rouca.


No entanto, há duas músicas com as quais tenho uma ligação especial. Sabem aquele sentimento de quando ouvem uma música da qual gostam tanto, tanto, mas tanto que não há nada no universo que possa quebrar essa ligação? Não importa quantas vezes a ouvem, não importa em que fase da vida a ouvem, aquela música pertence-vos também e isso nunca muda. É a Estuque e O Amor É Não Haver Polícia para mim. Se nunca ouviram estas músicas, por favor, vão ouvir (you're welcome in advance). Estava a ficar triste porque os Linda já tinham saído do palco pela segunda vez e O Amor É não Haver Polícia não tinha chegado, calculem só as minhas emoções todas quando eles voltam para um segundo encore com esta música. Lágrimas. “Se as mãos pudessem dizer por mim…”.


A vida devia ser um concerto de Linda Martini para que eu pudesse sempre ser tão livre como sou quando vejo os Linda Martini ao vivo, para que todas as noites sentisse este orgulho que lhes pertence a eles, mas que também me pertence a mim. A verdade é que já vi Linda Martini muitas vezes (mesmo) e deixam-me sempre o sangue realmente a ferver. A vida devia ser um concerto de Linda Martini porque eu gostava de viver a vida mais como vivo os concertos de Linda Martini - como se nada mais importasse se não aquelas notas, aqueles versos e deixar o meu corpo reagir como ele quiser.  


Já estou a sonhar com o próximo.


xx

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